|

 |
Timor-Leste procura reconciliar irmãos
Vieira
de Mello acredita no trabalho da Comissão que vai procurar a verdade
do país desde 1974
Dois religiosos, um integracionista e
duas mulheres fazem parte do grupo de sete comissários nacionais que
assumirão, na próxima segunda-feira, funções de chefia na Comissão
de Acolhimento, Verdade e Reconciliação (CAVR), anunciou ontem
Sérgio Vieira de Mello.
Anunciando a identidade dos sete
timorenses, o brasileiro que chefia a Administração Transitória da
ONU em Timor-Leste recordou que a estrutura tentará procurar a
verdade, indagando sobre violações de direitos humanos cometidas no
território entre 1974 e 1999, fomentando reconciliação
comunitária e relatando o seu trabalho ao Governo. Os comissários
ontem nomeados incluem Agostinho de Vasconcelos, 32 anos, natural de
Kaiualita, Baucau, e pároco da Igreja Protestante de Díli desde
2000. Considerado "um apoiante activo das actividades da
juventude", Agostinho de Vasconcelos foi secretário do Departamento
de Juventude da Igreja Protestante de Timor-Leste, participando em
vários seminários e cursos de formação no âmbito da reconciliação em
Timor Ocidental e outras regiões da Indonésia. Natural de
Hatolia, distrito de Ermera, o padre católico Juvito de Araújo - que
exerce funções em Díli desde 1996 - foi outro dos escolhidos,
trazendo a experiência de um grande envolvimento em temas de
direitos humanos. Desde 1987, Juvito Araújo, 38 anos, foi um dos
membros activos da organização juvenil da Resistência timorense
(RENETIL), continuando hoje ligado à juventude. Aniceto Guterres
Lopes, 35 anos, director de uma das mais consagradas ONG timorenses,
a "Yayasan HAK", e ex-membro do Conselho Nacional, o Parlamento
transitório, e Olandina Caeiro, 46 anos, líder da ONG "ET WAVE" e
candidata independente nas eleições de Agostoúltimo foram igualmente
nomeados. Jacinto Alves, 45 anos, coordenador desde 1999 da
Associação de ex-prisioneiros políticos e um dos detidos depois do
massacre de Santa Cruz em 1991 - altura em que foi condenado a 10
anos de cadeia, cumprindo sete - é outro dos nomeados. A lista
inclui ainda o integracionista José Estevão, um dos fundadores da
organização pró-Jacarta FPDK, que abandonou o território depois da
consulta popular estando em Bali até Outubro de 2000, altura em que
regressou para ocupar um dos lugares no Parlamento transitório, o
Conselho Nacional. Conselheiro do comité de instalação da CAVR,
José Estevão, 47 anos, ocupou várias funções durante a administração
indonésia. A lista inclui ainda a enfermeira Isabel Guterres, 44
anos, natural de Viqueque e que durante 15 anos residiu na
Austrália. Funcionária humanitária, Isabel Guterres regressou a
Timor-Leste em Novembro de 1999 onde tem apoiado os Médicos Sem
Fronteiras. Sérgio Vieira de Mello realçou que os comissários não
terão qualquer poder para conceder qualquer tipo de amnistia,
podendo apenas conceder perdão a indivíduos que tenham já concluído
o processo de reconciliação
formal.
| |


|