RUMO A TIMOR-LESTE
Professores sem colocação
partiram para ensinar português

A ausência de saídas profissionais em  Portugal foi a motivação principal que levou muitos professores a  optarem por ensinar em Timor-Leste.

Um primeiro grupo de 48 partiu para leccionar língua portuguesa a alunos do ensino secundário timorense e a grupos de adultos.

A Bárbara tem 22 anos. Concluído o ano de estágio curricular, não arranjou colocação em nenhuma escola, situação que partilha com mais de 30 mil colegas de profissão.

A ida para Timor-Leste foi a "grande oportunidade" para começar a ensinar. E Bárbara confessa mesmo que essa foi a razão principal que a levou a candidatar-se.

Também o João Pedro vai ensinar português para Timor porque não o podia fazer em Portugal, já que este ano não ficou colocado.

"Vou estar durante um ano afastado da família, dos amigos, dos meus hábitos e rotinas, mas vou aprender muito com os meus futuros alunos, vou provavelmente aprender mais do que eles", afirmou.

O João Paulo tem 40 anos e é um dos professores mais velhos que integra a equipa. A média de idades é de 27 anos, dado avançado por Antão Vinagre, do Ministério da Educação.

Nenhum dos professores com que a Lusa falou sabe ao certo onde vai ficar. Quando chegarem a Díli, e depois de uma semana de formação, vão ser distribuídos pelos 13 distritos de Timor-Leste. E alguns manifestaram preferências. Os distritos predilectos são, geralmente, Baucau e Díli.

À sua espera em Timor estes 48 professores têm 183 mil manuais escolares, quatro mil dicionários Tétum-Português, gramáticas, dicionários técnicos e demais material didáctico de apoio.

O ministro da Educação, Augusto Santos Silva, esteve presente no aeroporto da Portela (Lisboa) para se despedir e deixar mensagens de "sorte e esperança" a estes professores.

"Em geral estão todos muito animados e entusiasmados. Suponho que compreendem o carácter único da experiência que vão viver do ponto de vista pessoal, profissional e nacional", afirmou.

Questionado pelos jornalistas sobre o facto de estes professores não estarem colocados nos concursos nacionais, Santos Silva considerou que isso "não diminui o entusiasmo e dedicação com que partem para esta experiência".

Com alguns professores parte a necessidade de arranjar o primeiro emprego, com outros parte a avidez de ensinar a língua portuguesa a quem anseia aprendê-la.

E apesar de os incentivos monetários não serem grandes (cerca de 230 mil escudos além do salário), há neles a esperança de, daqui a um ano, conseguirem colocação numa escola em Portugal.

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