«O escândalo do momento aqui na Islândia tem a ver com os dois principais supermercados de preços acessíveis, Bónus e Krónan. A acusação da imprensa é que esses dois estariam fixando preços entre si. Parece que Bónus, que garante ao seus consumidores que eles sempre tem os menores preços, na verdade mantém todos os seus preço exatamente 1 Krona mais baratos que o seu competidor.
Ambos os supermercados também foram acusados de alterar os preços quando fiscais de pesquisa de preços do governo aparecem nos supermecados. Os dois supermercados tem displays digitais para cada produto mostrando o preço, e o valor que pode ser alterado direto de um controle central. O que um jornal descobriu é que os supermercados conhecem quem são os fiscais do governo, e quando os vêem chegando, todos os preços são abaixados com o pressionar de um tecla. Assim que os fiscais saem do prédio, todos os preços sobem de novo. Dessa forma, os supermercados controlam o que as pesquisas de preço dizem à respeito de quais são os supermercados mais baratos.
Ainda, parece que os preços variam várias vezes ao dia, com muitas vezes os clientes pagando mais no caixa do que o preço que viram na prateleira, que já mudou desde que o produto foi colocado no carrinho. Durante a noite e durante os fins de semana, quando os supermercados ficam cheios, os preços sobem de 10 à 15%.
As acusações dessas práticas de formação de cartel de preços foram feitas por empregados dos próprios supermercados, mas ainda não é claro se haverá uma investigação oficial do governo, porque os empregados não querem se identificar. Num mercado de trabalho tão pequeno como o da Islândia, se você estraga sua reputação com uma grande empresa, pode ser que você descubra que nenhuma outra empresa quer te contratar. Um pequeno número de empresas na Islândia controla o setor de varejo no país.
Agora toda vez que vou no supermercado, fico torcendo pros pesquisadores de preços estarem visitando na mesma hora, pros preços baixarem! hehehe
Ainda falando-se de preços em supermercados, pesquisas recentes mostram que os preços aqui na Islândia são em média 63% mais altos do que nos países vizinhos como na Dinamarca e Inglaterra. O custo de vida por aqui é mesmo de se assustar.»
Transcrição de “post” de 17.12.07 do blog Vida Na Islândia (BR)
Se isto se passa na Islândia, um país classificado em 1º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (UNDP), imagine-se o que acontece naquele outro que está em 29º.
Em Portugal, a coisa até é um bocadinho mais imaginativa. Os preços não apenas são alterados electronicamente como, quando não existe tão evoluído sistema, é comutado semi-automaticamente um recurso mais artesanal, o chamado “engano”: desde preços aleatoriamente trocados “por engano” a produtos “em promoção” que afinal estavam fora de prazo “por engano”, aqui há de tudo, a imaginação portuguesa não tem de facto limites. Experimente-se anotar os preços de meia dúzia de produtos essenciais (ou não), em qualquer supermercado do país, nos dias 3, 15 e 26 de um mês ao acaso; já agora, ainda mais simples, faça-se a experiência num prazo mais curto, comparando esses mesmos preços à 3ª Feira e ao Sábado.
Os Islandeses pensam que são mais do que os outros, mais espertinhos e assim? Isso é que era bom! Connosco, portugueses, ninguém brinca! Nós demos novos mundos ao mundo, no passado, e damos agora novos preços às coisas, quase todos os dias, para já não falar nos nomes que damos aos bois – e que mudam consoante os bois, os donos dos bois e o facto de os bois fumarem ou não.
Assim com’assim, é Portugal, ninguém leva a mal.
Imagem (escudo de armas da Islândia) alojado em Wikipedia. Está ali um boi, mas isso é mera coincidência.