Melhor, só na farmácia

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Quem pensava que o sexo em geral e a brincadeira em particular eram coisas de comércio especializado, por assim dizer, bem pode tirar o cavalinho da chuva. Agora, e congratulemo-nos por isso, os adereços essenciais para o geral e para o particular estão disponíveis em qualquer farmácia.

É verdade. Se bem que não exactamente dando os mesmos nomes aos bois, a companhia Durex (a companhia dos duros, como é conhecida em meios mais “gourmet”) acaba de lançar uma interessante campanha de promoção de artigos que, até há bem pouco tempo, apenas estavam disponíveis em algumas, raras, mal localizadas e algo manhosas “sex shops”. Passam, por conseguinte, a estar mesmo à mão, em sentidos figurado e literal, bens de certa forma tão essenciais como vibradores (“estimuladores”, em linguagem durexiana) e lubrificantes (“lubrificantes” também, mas sem risinhos sacanas). A grande vantagem, em relação ao anterior método de retalho, é que passa a ser possível adquirir estes produtos na farmácia mais próxima, com aconselhamento técnico e habilitado de profissionais competentes, em estabelecimentos licenciados e altamente desinfectados, em vez das antigas e por vezes badalhocas lojas da especialidade, onde, ainda por cima, havia que levar geralmente com uns tipos de aspecto e higiene altamente suspeitos.

Nos folhetos ilustrativos e explicativos que poderá encontrar em qualquer farmácia, a Durex esclarece todos os aspectos da sua gama de produtos, que integra evidentemente os vulgares preservativos, mas agora, estes, com novas cores, sabores e feitios. E assim ficamos a saber, por exemplo, entre outros edificantes e instrutivos textos não muito esotéricos ou complicados, que “a utilização dos brinquedos sexuais na prática sexual é cada vez mais comum e, ao contrário de outros tempos, para além de serem usados individualmente, são desfrutados principalmente a dois“.

E como quem desfruta também diz fruta, os folhetos explicam muitas outras coisas de igual ou maior índole pedagógica e, para quem quiser aprofundar o assunto, salvo seja, disponibilizam no respectivo site (em Português de antes do Acordo Ortográfico de 1991) secções tão aliciantes como Cunnilingus e Fellatio, as não sei quantas posições, masturbação, fantasias, preliminares & etc. Um verdadeiro manual, para manueles e para manuelas, aquilo ali não falta nada, é ir lá ver.

Não parece estar nos planos do Ministério da Saúde a comparticipação nestes medicamentos contra a depressão, a má disposição matinal e o mal-estar geral, mas nunca se sabe, talvez a breve trecho um qualquer ministro ou, quem sabe, “ministra”, caia em si e abra os cordões à bolsa do contribuinte.

Absolutamente de acordo com este tipo de iniciativas, o Apdeites tem por conseguinte a honra e o privilégio de ser pioneiro na sua divulgação. De mais a mais, ou quanto mais não fosse, porque a própria Durex, assumindo a sua condição de empresa especialista em tecnologia de ponta, revela em primeira-mão, salvo seja outra vez, bolas, e nos próprios folhetos, uma descoberta sensacional: o local exacto do célebre “ponto G”; até criaram uma engenhoca especificamente dirigida a tão misterioso quanto escondido sítio, garantindo que o modelo “Play Inspiration é o único concebido para penetração vaginal, o seu contorno específico estimula o ponto G”.

Portanto, com todos os pontos nos is (e também nos gês), agora não diga que não sabia: corra a abastecer-se destes antidepressivos. E se a sua companhia se tornar a queixar de alguma coisinha, por algum estranho motivo, agora sim, poderá dizer com propriedade: “melhor, só na farmácia.”

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A “equipa” do Apdeites apresenta os seus melhores cumprimentos à nossa leitora, visitante e amiga que fez o favor de nos enviar o documento. Documento sem o qual, note-se, teríamos nós todos morrido na mais completa ignorância, já que temos por hábito antigo abastecermo-nos deste tipo de bens de primeira necessidade no comércio tradicional. É com a mais profunda emoção, portanto, que lhe agradecemos. A sério.
Já agora, quanto à pergunta que nos faz no e-mail (“para que serve aquele microfone”), bem, compreenderá que não cabe – salvo seja de novo, ó diabo, isto é uma praga, a menina desculpe – no âmbito de um sáite com o sáinete do Apdeites, assim em público, e tal, entrar em pormenores. Contudo, em querendo, estamos ao dispor para uma demonstração. Mas podemos desde já adiantar que aquele “microfone” tem muito pouco ou nada a ver com Karaoke.

Um comentário em “Melhor, só na farmácia”

  1. Gostei de ser tratada por “menina”. Mas nessa condição, continuo sem saber para que serve o “microfone”, embora deduza que não seja para cantar.
    Atentamente

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