Jura


https://www.youtube.com/watch?v=pQUbqi2i0xQ

https://www.youtube.com/watch?v=AcPNp8G2vA0 (notícia RTPN)

https://www.youtube.com/watch?v=GQZM2qlXKuk (notícia SICN)

Quando o combate aos malefícios do tabaco é uma preocupação central do Estado, está tudo dito sobre o Estado e sobre as suas prioridades.

Quando a decisão mais corajosa de um governante é deixar de fumar, está tudo dito sobre o governante, as suas decisões e a sua coragem.

Quando a característica principal das sociedades modernas é o desprezo pelo próximo, a preocupação que algumas pessoas manifestam pela minha saúde faz-me desconfiar fundamentalmente das suas intenções.

Quando um fumador diz que “vai” deixar de fumar, isso quer dizer que não vai. E pior ainda se, para anunciar Urbi et Orbi a sua “decisão”, utiliza a complicadíssima expressão “decidi deixar de fumar”. Bull.

«To cease smoking is the easiest thing I ever did. I ought to know because I’ve done it a thousand times.*»
Mark Twain

* “Deixar de fumar é facílimo, e sei bem do que falo: eu próprio já deixei de fumar mais de cem vezes” – Mark Twain
(tradução livre)

Este post foi também publicado no blog Baforadas.

Empreitada justa?

Obras em casa

Como funciona o portal obrasemcasa.pt?

O obrasemcasa.pt está optimizado para duas entidades:

i) Para quem quer fazer qualquer tipo de obra. O objectivo é facilitar radicalmente a forma de procurar empreiteiros especializados na área e garantir um preço justo. Sendo uma actividade alheia ao comum dos mortais, esta é certamente a forma mais segura de o conseguir. O processo é extremamente simples e não envolve qualquer custo, sendo totalmente grátis. Depois de preencher o formulário de pedido de orçamento de obras/materiais, este é validado pelo administrador e redireccionado às empresas especializadas na obra ou material de que necessita e que actuam na sua região. Finalmente, as empresas interessadas contactá-lo-ão. O número de propostas que quer receber será sempre estipulado por si.

ii) Para empresas de construção ou fornecedores de materiais. O objectivo é alargar a sua carteira de clientes, sejam estes particulares ou outras empresas (subempreitadas). Numa área tão competitiva, é absolutamente necessário que tenha as ferramentas adequadas às novas tendências e tecnologias exigidas pelo mercado. O obrasemcasa.pt propõe-lhe um serviço inédito e poderoso para que saiba em primeira mão de todos os pedidos de obras e materiais em todo o país. Na verdade, connosco só tem de decidir se uma obra lhe interessa ou não. Para tal, tem apenas de registar a sua empresa de construção/materiais de construção. Depois, dependendo dos serviços e região a que se disponibilizar, terá apenas de escolher as obras que lhe interessarem. Por cada obra que lhe interesse, basta consultar os detalhes e contactar o seu novo potencial cliente. Para mais informações, vá a Publicidade.

obrasemcasa.pt – FAQ

Ver notícia RTP (vídeo).

Livraria Buchholz

AVISO

Este post contém linguagem e imagens (ou cenas) que poderão ser consideradas como chocantes ou inconvenientes, pelo que não é aconselhável a menores de idade ou a pessoas mais sensíveis em geral e mais peneirentas em particular.

Confesso que ao princípio ainda pensei em ignorar a moça. Porém, como não é propriamente todos os dias que alguém me insulta, ou seja, como não estou habituado a levar desaforos para casa, pronto, eu já sabia, a coisa foi fervendo, fervendo, fervendo, e cá está, pum, saltou-me a tampa.

Que me chamem nomes, alguns mais aborrecidos do que outros, uns mais asininos, outros mais filhos-da-puta, bem, quanto a isso nada a fazer, é chato mas tem de ser, faz parte desta coisa por vezes aborrecidíssima que é estar vivo. E, de facto, até hoje já me chamaram tudo e mais alguma coisa, imbecil, cretino, drogado, espertalhão das dúzias, parvo de todo, enfim, não vale a pena refocilar em epítetos, são os mesmos que toda a gente conhece e todos eles se aplicam a quem os enfiar, à laia de carapuça.

Já houve mesmo quem me chamasse coisas tão desagradáveis como “comunista” ou insultuosas como “cabrão”, para dar apenas dois exemplos daquilo que geralmente se considera como ofensa a merecer porrada rija. Esse tipo de “bocas” nem merece resposta – já que hoje em dia é ilegal abater a tiro os filhos-da-puta – e, a bem dizer, por conseguinte, que se fodam.
Continuar a ler Livraria Buchholz

Cara ou coroa

Eu percebo muito bem a intenção do realizador. Não havia ruga, veia, movimento do olhar que não enchesse o ecrã, e o mais cruel dos planos escrutinava aquele rosto para lhe mostrar a fragilidade. É o mais violento dos olhares que a televisão é capaz, aquele que não permite que nada escape, que desapareça toda a reserva do corpo na sua parte mais exposta, a face. Aquele plano era todo um programa, tinha como objectivo mostrar uma mulher velha e cansada, com rugas, com o tempo na cara. Mostraria o mesmo em quase toda a gente, menos nos modelos de plástico que passam por homens e mulheres e que nasceram ontem com a pele limpa dos bebés. Mas não era toda a gente que estava ali, era Manuela Ferreira Leite. Aquele grande plano, excessivo e brutal, é todo um programa, insisto. Não há inocência.

José Pacheco Pereira, blog Abrupto

Contactada pelo DN, Judite de Sousa, apresentadora e responsável pelo programa, afirma que “o dr. Pacheco Pereira vê fantasmas onde eles não existem”. “A realização é um trabalho do realizador que merece todo o respeito. A insinuação que o realizador está a soldo desses fantasmas que ele vê é algo com que não posso concordar”, sustenta a jornalista.

Explicando que “como coordenadora do programa” tem de defender “os colegas”, Judite de Sousa acrescenta que “não há diferença alguma entre a realização desta entrevista e outras”. “O grande plano é usado em todos os programas de entrevista”, pois “transmite força e permite a proximidade com os telespectadores”, diz a jornalista.

Diário de Notícias

Através da página da RTP respectiva, podemos ver que houve três pessoas, num período de 30 dias, cujo nome aparece na ficha técnica como realizador do programa “Grande Entrevista”.

O realizador daquele em que Manuela Ferreira Leite é a entrevistada (7 de Maio) foi o mesmo das entrevistas a Luís Felipe Scolari (8 de Maio) e a Maria de Lurdes Rodrigues (6 de Março).

Se compararmos estas três entrevistas, nota-se realmente alguma semelhança entre elas, por um lado, e também alguma diferença em relação a qualquer das assinadas pelos outros dois realizadores: o factor comum é a utilização de grandes planos do rosto dos entrevistados. Ou seja, apenas nestas três existem esses grandes planos, pelo menos de forma tão marcada e insistente.

Portanto, tratar-se-á de uma questão de estilo do realizador Vítor Gonçalo. Não parece que exista, na entrevista a MFL, qualquer plano mais fechado ou qualquer grande plano mais prolongado do que nas outras duas entrevistas do mesmo realizador, no mesmo período temporal. Uma marca pessoal, subtil mas efectiva, que não deixa grande margem para especulações.

Mesmo não sendo especialista no assunto, e apenas observando aquilo que qualquer um pode ver, parece-me evidente que não há aqui nenhum gato escondido com o rabo de fora. Que aquele realizador em concreto é diferente dos outros, bem, isso é uma verdade tão transparente quanto implícita; que se assim não fosse e, por conseguinte, todos os realizadores fizessem o seu trabalho de forma rigorosamente igual, então não seria necessário realizador algum, bastaria deixar os “cameramen” filmar como lhes desse na real gana. Este homem dos botões, em concreto, utiliza planos mais aproximados ou fechados do que os outros, e também durante mais tempo. E depois? O que é que isso tem? Ele deve, sabe-se lá, ter o vício de dizer aos seus operadores de câmera algo como “mais zoom, mais zoom” ou “fecha mais, fecha mais” – mas na cara, em qualquer cara, e não necessariamente por essa cara ser a de uma coroa.

Joga Pacheco: R T P, 1.

Três tiros na água.

Grande Entrevista com Maria de Lurdes RodriguesGrande Entrevista com Manuela Ferreira LeiteGrande Entrevista com Luís Felipe Scolari

Um ser humano pede ajuda

Olá, irmão Castro.

Como sabes, as coisas mais importantes no Iraque são a segurança e a electricidade. As temperaturas já são superiores a 40 graus e temos que ficar doze horas por dia sem água fresca por não ter electricidade. Para além de tudo isto, não podemos sair de casa depois das sete ou oito da noite.

A minha “nova” casa é muito próxima da rua principal, pelo que se torna ainda mais perigoso. Na semana passada, fizeram rebentar uma carga explosiva a apenas vinte metros da minha porta. A resistência visou uma patrulha do exército iraquiano, matando dois dos oficiais que iam a passar.

Sabes,

gostaria de contar ao mundo o crime da Administração Bush. O Presidente americano disse que antes de 2003 o Iraque era muito perigoso. Vivíamos em Paz, mas diziam que Saddam tinha armas de destruição maciça. Como depois não encontraram as tais armas, então acusaram Saddam de ser um ditador, justificando assim a invasão e o derrube do regime.

Bush, Pentágono e CIA cometeram erros, é verdade, mas agora, quem paga por eles?

Destruíram o Iraque e já não o conseguem reconstruir. Um milhão de mortos em cinco anos! Quem será responsabilizado por estes crimes? Eu sei a resposta: ninguém! Esse milhão não é importante para os americanos. E não falta quem esteja ansioso por destruir o que resta do meu país.

Muitos dos líderes árabes do terceiro mundo são ditadores. Imagina que os americanos os depunham a todos… teriam que destruir meio mundo!

A verdade não pode ser escondida: os americanos “cavaram” um grande crime no Iraque e agora não o conseguem tapar.

Querido Castro,

estou destroçado!

Sinto-me muito triste e desgostoso com o que vejo acontecer ao meu povo.

Sou Sunita, mas todos os iraquianos são meus irmãos.

Não posso tolerar o que está a acontecer no meu país.

Estou farto de fugir.

Envia um grande abraço a todos os teus amigos do blogue, em especial aos que têm partilhado a minha dor. E se alguém tiver forma de me ajudar a sair do Iraque e a arranjar um país onde os meus filhos possam crescer em paz, por favor não se esqueçam de mim.

Preciso de todas as ajudas possíveis!!!

Bassim Schuaip

مرسلة بواسطة bassimفي

Mensagem transcrita do blog Cheiro a Pólvora, do jornalista Luís Castro.

Esta mensagem foi recebida por e-mail; decidimos publicá-la porque foi veiculada por um blog que nos merece toda a fiabilidade. Luís Castro é um jornalista e autor de créditos firmados. Neste caso concreto, porque parece não ter havido ainda qualquer (ou pouca) repercussão na “blogosfera” nacional, e também porque nos foi pedida a respectiva divulgação, limitámo-nos a transcrever na íntegra o texto em causa, com o intuito único de responder a um apelo de um ser humano; não discutindo ou sequer comentando o conteúdo do texto, porque aquilo que neste momento está em causa não é o texto que acompanha o apelo, mas o apelo que acompanha o texto.

Pay Per Play, Net Audio Ads

PPP é um novo sistema publicitário que permite obter algum rendimento aos “internautas” em geral, nomeadamente autores de blogs ou sites, gestores ou revendedores de domínios, profissionais de publicidade e marketing e, mais abrangentemente, a todos aqueles que trabalham com ou através da Internet.

Consiste em instalar pequenas aplicações (“javascript”) que geram automaticamente anúncios sonoros de 5 segundos. Além destes, pode-se também colocar anúncios de texto ou imagem ao próprio sistema PPP e, assim, obter algum rendimento extra por cada nova adesão à rede de difusores de Net Audio Ads.

A grande diferença em relação ao PPC (Pay Per Click), por exemplo da Google Ads, é que no PPP (Pay Per Play) aquilo que conta é o número de audições, ou seja, na prática o “affiliate” recebe uma pequena quantia por cada “pageview”, podendo optar por rodar os anúncios de três em três minutos, na mesma página ou em páginas diferentes do(s) seu(s) site(s) ou blog(s).

Não existe portanto qualquer necessidade de “clicks” em anúncios, bastando que os visitantes vão abrindo novas páginas ou que se fixem numa ou em várias delas; mesmo que esses visitantes tenham o som desligado (o que sucede em 20% dos casos), uma quantia residual é automaticamente creditada na conta do membro PPP. As transferências destes créditos podem ser feitas via PayPal.

Embora existam diversas formas de parametrização da conta e dos anúncios em áudio e em texto, a questão residirá em cada qual escolher criteriosamente aquilo que irá colocar nas suas páginas, em quais sim, em quais não, e exactamente de que forma. Há que decidir em termos de custos e benefícios como, por exemplo, se estes anúncios de som, colocados indiscriminadamente, irão afastar ou irritar mais visitantes do que aqueles poucos cêntimos que umas quantas audições forçadas e possivelmente intrusivas poderão render.

Mas isso, como é evidente, fica ao critério de cada um.

Melhor, só na farmácia

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Quem pensava que o sexo em geral e a brincadeira em particular eram coisas de comércio especializado, por assim dizer, bem pode tirar o cavalinho da chuva. Agora, e congratulemo-nos por isso, os adereços essenciais para o geral e para o particular estão disponíveis em qualquer farmácia.

É verdade. Se bem que não exactamente dando os mesmos nomes aos bois, a companhia Durex (a companhia dos duros, como é conhecida em meios mais “gourmet”) acaba de lançar uma interessante campanha de promoção de artigos que, até há bem pouco tempo, apenas estavam disponíveis em algumas, raras, mal localizadas e algo manhosas “sex shops”. Passam, por conseguinte, a estar mesmo à mão, em sentidos figurado e literal, bens de certa forma tão essenciais como vibradores (“estimuladores”, em linguagem durexiana) e lubrificantes (“lubrificantes” também, mas sem risinhos sacanas). A grande vantagem, em relação ao anterior método de retalho, é que passa a ser possível adquirir estes produtos na farmácia mais próxima, com aconselhamento técnico e habilitado de profissionais competentes, em estabelecimentos licenciados e altamente desinfectados, em vez das antigas e por vezes badalhocas lojas da especialidade, onde, ainda por cima, havia que levar geralmente com uns tipos de aspecto e higiene altamente suspeitos.

Nos folhetos ilustrativos e explicativos que poderá encontrar em qualquer farmácia, a Durex esclarece todos os aspectos da sua gama de produtos, que integra evidentemente os vulgares preservativos, mas agora, estes, com novas cores, sabores e feitios. E assim ficamos a saber, por exemplo, entre outros edificantes e instrutivos textos não muito esotéricos ou complicados, que “a utilização dos brinquedos sexuais na prática sexual é cada vez mais comum e, ao contrário de outros tempos, para além de serem usados individualmente, são desfrutados principalmente a dois“.

E como quem desfruta também diz fruta, os folhetos explicam muitas outras coisas de igual ou maior índole pedagógica e, para quem quiser aprofundar o assunto, salvo seja, disponibilizam no respectivo site (em Português de antes do Acordo Ortográfico de 1991) secções tão aliciantes como Cunnilingus e Fellatio, as não sei quantas posições, masturbação, fantasias, preliminares & etc. Um verdadeiro manual, para manueles e para manuelas, aquilo ali não falta nada, é ir lá ver.

Não parece estar nos planos do Ministério da Saúde a comparticipação nestes medicamentos contra a depressão, a má disposição matinal e o mal-estar geral, mas nunca se sabe, talvez a breve trecho um qualquer ministro ou, quem sabe, “ministra”, caia em si e abra os cordões à bolsa do contribuinte.

Absolutamente de acordo com este tipo de iniciativas, o Apdeites tem por conseguinte a honra e o privilégio de ser pioneiro na sua divulgação. De mais a mais, ou quanto mais não fosse, porque a própria Durex, assumindo a sua condição de empresa especialista em tecnologia de ponta, revela em primeira-mão, salvo seja outra vez, bolas, e nos próprios folhetos, uma descoberta sensacional: o local exacto do célebre “ponto G”; até criaram uma engenhoca especificamente dirigida a tão misterioso quanto escondido sítio, garantindo que o modelo “Play Inspiration é o único concebido para penetração vaginal, o seu contorno específico estimula o ponto G”.

Portanto, com todos os pontos nos is (e também nos gês), agora não diga que não sabia: corra a abastecer-se destes antidepressivos. E se a sua companhia se tornar a queixar de alguma coisinha, por algum estranho motivo, agora sim, poderá dizer com propriedade: “melhor, só na farmácia.”

click para ampliar a imagem

A “equipa” do Apdeites apresenta os seus melhores cumprimentos à nossa leitora, visitante e amiga que fez o favor de nos enviar o documento. Documento sem o qual, note-se, teríamos nós todos morrido na mais completa ignorância, já que temos por hábito antigo abastecermo-nos deste tipo de bens de primeira necessidade no comércio tradicional. É com a mais profunda emoção, portanto, que lhe agradecemos. A sério.
Já agora, quanto à pergunta que nos faz no e-mail (“para que serve aquele microfone”), bem, compreenderá que não cabe – salvo seja de novo, ó diabo, isto é uma praga, a menina desculpe – no âmbito de um sáite com o sáinete do Apdeites, assim em público, e tal, entrar em pormenores. Contudo, em querendo, estamos ao dispor para uma demonstração. Mas podemos desde já adiantar que aquele “microfone” tem muito pouco ou nada a ver com Karaoke.

Política de resultados (4)

Maio de 69

O que me parece é que o Maio de 68 foi uma revolta de estudantes da burguesia contra uma limitação das liberdades individuais em vigor na sociedade gaulista, revolta essa que como sempre leva a alguns exageros e a esparsos estados-de-alma revolucionários. No meio da revolta dos meninos da burguesia, aproveitaram-se os ideólogos jacobinos em serviço para deixarem ficar a sua marca, tentando conduzir o motim no sentido que mais lhes convinha.

Blog Perspectivas, 5 Maio 2008

Like the current protests, May ’68 began with a specific set of demands. Students at suburban Nanterre University wanted improved facilities, less rigid teaching and – in the year after the Summer of Love – for men and women to be allowed to visit each other’s rooms. In the thick of it was a small group of radicals called les enrags – “the angry ones” – who wanted not just access to the women’s dorms but to overthrow the stultifying bourgeois society that was 78-year old President Charles de Gaulle’s Fifth Republic.

Tim Minogue, The Independent, 2 Abril 2006

São inúmeras as referências aos verdadeiros motivos que espoletaram o Maio de 68. No fundo, no fundo, salvo seja, tudo aquilo resultou da conjugação de dois factores apenas: por um lado, a Primavera estava na sua máxima pujança e, por outro lado, a rapaziada estudantil de Paris e arredores estava ainda com mais pujança do que a Primavera – como é normal naquelas irrequietas idades.

Digamos que o Maio de 68 foi um acidente por causas naturais. Machos arfantes e fêmeas outro tanto ou ainda mais, desesperados eles e frenéticas elas, ou vice-versa, muito bem nascidos e melhor vividos ambos, enfim, toda aquela maltosa, matilhas de jovens extremamente excitados e incrivelmente mimados, achou por bem partir tudo em seu redor pelo simples facto de lhes ter sido negada a possibilidade de “fazer amor e não a guerra” em pleno campus universitário. Um trocadilho quiçá pífio e aqui deslocado seria talvez afirmar que eles resolveram partir para a guerra porque os não deixaram fazer amor, mas é melhor não nos metermos por caminhos escorregadios. Este caso é um caso sério, por conseguinte, não abardinemos.

O busílis da questão reside em que os objectivos das reivindicações iniciais não tinham absolutamente nada, nem o mais leve vestígio, de quaisquer pretensões políticas; nada de especialmente revolucionário ou esquerdista, por conseguinte; era só para dar vazão às hormonas, nada mais simples e razoável, se atendermos em exclusivo à idade média dos intervenientes.
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Política de resultados (3)

A união faz-se à força?

Even If I am a minority of one, truth is still the truth.
(Ghandi)

Democracy is nothing but the Tyranny of Majorities, the most abominable tyranny of all, for it is not based on the authority of a religion, not upon the nobility of a race, not on the merits of talents and of riches. It merely rests upon numbers and hides behind the name of the people.
(Proudhon)

A democracy is nothing more than an angry mob, where fifty-one percent of the people may take away the rights of the other forty-nine.
(Thomas Jefferson)

Democracy is the worst form of government except for all those other forms that have been tried from time to time.
(Churchill)

Quando falamos de “democracia”, em Portugal, falamos de uma das formas de que se pode revestir este tipo de regime político: a democracia representativa. Ou seja, um sistema que se baseia em números: a maioria dos votos expressos implica uma maioria parlamentar que “elege” um primeiro-ministro e este nomeia o seu “gabinete”, tomando posse, por um período de quatro anos, do único Poder verdadeiramente executivo previsto na Lei fundamental do país.

Aparentemente, não existe qualquer alternativa credível à lógica numérica (quantitativa) do sistema eleitoral; será a isso, provavelmente, que se refere Churchill quando diz que “a democracia é a pior forma de governo, excepto todas as outras formas que são experimentadas de vez em quando.” De facto, este tipo de regime prevê um mecanismo de correcção, quando as coisas correm mal, isto é, quando sucede que uma maioria de votantes elege um mau governo: a convocação de eleições antecipadas. Ou, como última alternativa, o esgotamento natural, pela simples passagem do tempo, do mandato desse mau Governo; nesse caso, as eleições gerais processar-se-ão no prazo previsto e, se não houver azar, então sim, a maioria seguinte certamente, ou se calhar, já elegerá um “bom” Governo – coisa que não está de forma alguma garantida, muito longe disso.
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