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A violência da “influência”

“Negócios”, 16 de Junho de 2016

O abjecto naco de prosa abaixo “fotografado” e cujo texto se reproduz é mais uma das peças paridas pela agremiação comercial cuja seita dirigente foi aqui referida em ocasiões diversas.

O título desta publicação numa “rede social” diz quase tudo sobre ao que vêm estes vendilhões e, caso ainda subsistam dúvidas, basta atender à repetição obsessiva de um — já não assim tanto — estranho substantivo feminino: influência.

A óbvia “mensagem” — ou ideia peregrina — que se pretende passar com esta radical menorização do papel de Portugal, da Língua Portuguesa e da nossa Cultura, é algo deste anedótico tipo: o Brasil sempre existiu, o Brasil é brasileiro desde muito antes das invasões bárbaras que houve na “terrinha”, já havia Brasil quando um tal Pedro Álvares Cabral, no ano 1500 da nossa era, resolveu ir a banhos para uma das edílicas praias do “gigante” sul-americano. Terá sido, portanto, devido àquele turista e a outros como ele (por exemplo, um tal Pero Vaz de Caminha, que tomou umas notas sobre as férias em Vera Cruz), que a “influência” portuguesa começou a “interagir” com a milenar cultura local, e daí o cavaquinho e o batuque e o “chorinho” (e porque não o samba e o pagode?) que os tugas copiaram indecentemente “compartilhando” a excelente barulheira sob a forma de fado, uma coisinha menor e sem História alguma.

A isso se resume a “influência” portuguesa na cultura brasileira, dizem estes novos “coroné”. É no cavaquinho e é no pão, vá. Daí o “seu Manoéu” padeiro e a sua Maria “dji bigodji”, os arquétipos com que os brasileiros, na sua imensa “cultura”, fazem o favor de carinhosamente carimbar na testa os portugueses.

A “influência” de Portugal no Brasil é assim uma coisa ao nível do Líbano (Houaïss era filho de emigrantes libaneses) ou da Alemanha ou da Itália. E não passa disso. Portugal é um penduricalho, um apêndice, uma excrescência.

Portanto, tugazinhos, reduzam-se lá à vossa insignificância e rendam-se, de uma vez por todas, à “inevitável” lei do mais forte: ah, e tal, eles são 220 milhões e nós somos só 10…

Não é o que dizem? Então… pronto. Tá légau?

Câmara Portuguesa de Comércio em São Paulo

December 28, 2023 at 12:01 PM

Portugal exerceu uma enorme influência cultural no Brasil, deixando marcas em diversos aspectos da nossa nação. Algumas áreas em que podemos ver a influência de forma mais clara são a arquitectura, a música e a gastronomia.

Na arquitectura, a influência do estilo barroco português é evidente, especialmente em cidades como Olinda, Salvador e Ouro Preto. Suas igrejas e casas coloniais encantam com seus detalhes ornamentados e cores vibrantes, semelhantes à diversas edificações no Porto e em cidades do interior português.

Na gastronomia, os países compartilham gostos em comum, como o alto consumo de frutos do mar e pães. Por conta do grande consumo de pães por parte dos portugueses, a tapioca passou a ser utilizada como substituta na dieta da comunidade portuguesa na capitania hereditária de Pernambuco.

Na música também há muitas semelhanças. Um exemplo é o chorinho, que compartilha muitas características com o fado português, trocando a guitarra portuguesa por instrumentos semelhantes como o bandolim e o cavaquinho. Há artistas multiculturais que podem representar a cultura de ambos os países, como Fafá de Belém e Roberto Leal.

A influência de Portugal na cultura brasileira é uma prova viva da força dos laços históricos entre os países.

#culturaportuguesa #culturaportugal #culturabrasileira #culturabrasil #comunidadeportuguesanobrasil #portuguesesnobrasil #portugalbrasil #brasilportugal #camaraportuguesasp

[Transcrição integral de “post” (público) no Facebook.
Cacografia brasileira corrigida automaticamente. Destaques meus.
A construção frásica em língua brasileira está conforme o original.]

Pedro Tamen [1934 – 2021]


Um Fado: Palavras Minhas

Palavras que disseste e já não dizes,
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.

Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.

Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido…

Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
— que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas.

in “Tábua das Matérias” – Poesia 1956-1991

 

«Pedro Tamen nasceu em Lisboa, em 1934 e estudou Direito na Universidade de Lisboa.»

«Entre 1958 e 1975 foi director da Editora Moraes e depois, até 2000 (data em que se retirou da actividade profissional), administrador da Fundação Calouste Gulbenkian.»

«Foi também dirigente cine-clubista, professor do ensino secundário e director-adjunto de uma revista de actualidades.»

«Fez crítica literária no semanário Expresso.»

«Foi presidente do P.E.N. Clube Português (1987-90).»

«Foi membro da Direcção e presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Escritores.»

«Tem poemas traduzidos e publicados em francês, inglês, espanhol, italiano, alemão, neerlandês, sueco, húngaro, romeno, checo, eslovaco, búlgaro e letão.»

«Foi duas vezes finalista do Prémio Europeu de Tradução.»

«Traduziu recentemente À la Recherche du temps perdu, de Marcel Proust.»

«A sua obra poética, iniciada em 1956 com Poema para Todos os Dias (Ed. do Autor, Lisboa) encontra-se reunida em Retábulo das Matérias (Gótica, Lisboa, 2001). Posteriormente,publicou os livros Analogia e Dedos (2006) O Livro do Sapateiro (2010) e Um Teatro às Escuras (2011). Em 1999 foi publicado um disco-antologia intitulado Escrita Redita (poemas ditos por Luís Lucas; Ed. Presença / Casa Fernando Pessoa).»

«À sua poesia foram atribuídos o Prémio D. Dinis (1981), o Prémio da Crítica (1991), o Grande Prémio Inapa de Poesia (1991), o Prémio Nicola (1997), o Prémio Bordalo da Imprensa (2000), o Prémio do PEN Clube (2000), o Prémio Luís Miguel Nava (2007) e o Prémio Inês de Castro (2007).»