Dia: 18 de Dezembro, 2023

Imprensa brasilesa [2]


Ricardo Cabral Fernandes

@CabralFernande5

É preciso ter muito descaramento para se anunciar cheia de felicidade um novo jornal com o mesmo grupo que está a despedir entre 150 a 200 trabalhadores, a maior parte jornalistas, em 12 OCS. “O chefe anunciou”.
[“Tweet” de 13.12.23 reproduzido na íntegra na 1.ª parte deste post]

CEO da Global Media acusa Marcelo de “imiscuir-se” na entrada de investidor. Salários deste mês estão em atraso

Carla Borges Ferreira
“ECO”,

“O interesse excessivo do Presidente da República em todo este processo é, no mínimo, estranho — e eu estou à vontade para dizê-lo, até porque já lho disse pessoalmente”. É assim que José Paulo Fafe, CEO do Global Media Group, reage à notícia do Correio da Manhã de que Marcelo Rebelo de Sousa afirma “nada saber” sobre a compra da participação da Global Media na Lusa.

Numa declaração feita a título pessoal, e por escrito, José Paulo Fafe afirma que “um dia havemos todos de perceber qual a razão que levou o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa a imiscuir-se, da forma insólita como o fez, em todo o processo em redor da entrada do fundo no capital do Global Media”.

E prossegue: Haveremos de perceber o que, de facto, o terá levado a ser uma das principais pessoas que, nos últimos meses, mais contribuiu para fomentar a intriga em redor do negócio, criando e veiculando boatos sobre o fundo, exercendo pressões, e tentando condicionar até algumas mudanças a nível editorial, alinhando numa campanha inqualificável contra um investidor que, ao invés do que ocorre no sector, se dispôs a investir fortemente nos media portugueses”.

Marcelo Rebelo de Sousa, que, de acordo com o título da Cofina Media, foi “surpreendido” com a possível compra da participação da Lusa, esteve reunido no início de Novembro com a nova administração do grupo, liderada por José Paulo Fafe. Um encontro documentado com imagens.

O +M questionou ao final da manhã a Presidência da República sobre se tinha ou não conhecimento do negócio, mas até ao momento da publicação do artigo não recebeu resposta.

[Transcrição parcial, incluindo destaques.
Cacografia brasileira corrigida automaticamente.
Acrescentei “links” internos (a verde).]

Despedimento colectivo na Global Media continua a fazer mossa

 

O Conselho de Redacção do Jornal de Notícias (JN) sublinha, num comunicado divulgado hoje, que a tomada de posição conjunta dos directores daquele título foi recebida com «grande consternação», sendo entendida como um «sinal inequívoco de que esta redacção e quem a lidera não aceitam que se possa denegrir publicamente um jornal, os seus leitores e até uma região e um país».

A constante degradação das condições funcionais, tecnológicas e institucionais de exercício de funções sustentou a decisão tomada esta quinta-feira pela direcção, que se mantém em funções até que seja nomeada outra equipa.

Despedimentos, mesmo depois do «osso»

Esta quarta-feira, a direcção da rádio TSF demitiu-se em reacção ao anunciado plano de «rescisões» pelo Global Media Group. Recorde-se que, no passado mês de Setembro, os trabalhadores da TSF desligaram os microfones durante 24 horas, denunciando então que tinham chegado «ao limite».

Em declarações ao AbrilAbril durante uma concentração junto à sede, em Lisboa, para exigir trabalho digno e melhores salários, o porta-voz dos trabalhadores da estação, Filipe Santa-Bárbara, denunciava então que a redacção estava a trabalhar «no osso».

No final de Novembro, após a Global Media passar a ter como accionista maioritário o fundo de investimento World Opportunity Fund Ltd, sedeado nas Bahamas, foi anunciado o chamado «plano de reestruturação», que prevê despedir entre 150 e 200 trabalhadores.

As medidas anunciadas e em preparação para o JN e as suas revistas e suplementos tornaram, assinala o Conselho de Redacção (CR), «por demais evidente o desalinhamento estratégico», tendo conduzido à demissão de directora Inês Cardoso e dos directores-adjuntos Pedro Ivo Carvalho, Manuel Molinos e Rafael Barbosa, e ainda ao director de Arte, Pedro Pimentel.

O CR enaltece «o esforço e a forma empenhada como a Direcção do JN aguentou o jornal nos tumultuosos tempos» que atravessam juntos, «particularmente difíceis nos últimos meses, tentando fazer o melhor jornal todos os dias, independentemente dos meios e vontades», e agradece o trabalho «em defesa de um jornal que não é de quem o faz, mas de quem o compra – e foram mais de 23 mil em Outubro – e de quem o lê, cerca de 400 mil, todos os dias, entre papel e online, que lideramos em Portugal».

É por eles, leitores, acrescentam, que a redacção do JN vai continuar a trabalhar, fazendo o melhor jornal que conseguir, ainda que sob a ameaça de vir a perder 40 jornalistas, cerca de metade do quadro redactorial actual.

A demissão do director do desportivo O Jogo, Vítor Santos, e do director-adjunto Jorge Maia foi também comunicada hoje ao Conselho de Redacção daquele jornal, que refere que a decisão se sustentou «na degradação das condições tecnológicas, funcionais e de recursos humanos, relevando uma vez mais o esforço e sacrifício de todos os jornalistas» para garantir o bom desempenho de O Jogo em todas as plataformas. Os mesmos profissionais, que, acrescenta, «têm sido duramente afectados nos últimos tempos por uma série de decisões e comunicações, com impacto profundo nas respectivas famílias».

Em reacção ao anunciado plano do Global Media Group, que prevê um despedimento colectivo que pode atingir 150 a 200 trabalhadores, e ao programa em curso de «rescisões por mútuo acordo» para trabalhadores até aos 61 anos, Frederico Bártolo, jornalista do jornal O Jogo e delegado sindical do Sindicato dos Jornalistas, admitiu recentemente numa entrevista ao AbrilAbril a existência de «problemas graves» que se ligam à crescente precarização. Publicações como «O Jogo, Diário de Notícias, TSF e Jornal de Notícias e as restantes, debatem-se todos os dias com uma lógica de falta de pessoas suficientes para conseguirem entregar o projecto que têm em mãos que é um produto diário», denunciou.

[Transcrição integral, incluindo “links” (a azul). Destaques meus.]

World Opportunity Fund Ltd Adquire Controlo da Global Media – EWP

“EWP- Business Consulting”. 07.11.23

Numa evolução significativa na indústria dos media, o World Opportunity Fund Ltd, um fundo de investimento sediado nas Bahamas, emergiu como o accionista controlador do grupo Global Media, que detém proeminentes meios de comunicação como o Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF. Esta transformação na propriedade segue uma série de transacções estratégicas que têm reconfigurado o cenário das participações nos media.

No início deste mês, o World Opportunity Fund Ltd adquiriu uma participação substancial na empresa Páginas Civilizadas ao empresário Marco Galinha, assegurando uma maioria de 51% na Páginas Civilizadas, que, por sua vez, controla a Global Media. O fundo, registado num paraíso fiscal e gerido pelo Union Capital Group (UCAP Group), com sede na Suíça, tinha inicialmente adquirido uma participação de 38% na Páginas Civilizadas em Julho.

Essas aquisições culminaram no fundo detendo agora 50,25% da Global Media e uma notável participação de 22,35% na agência de notícias Lusa, tornando-se um interveniente dominante no sector dos media.

A mudança de controlo resultou no grupo BEL, de propriedade de Marco Galinha, perdendo o estatuto de accionista maioritário do conglomerado de media. Esta mudança foi comunicada formalmente à Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC), em resposta ao seu inquérito sobre modificações na estrutura accionista da Global Media.

O comunicado da ERC delineia os detalhes das transacções e a progressão do fundo desde a sua participação inicial de 38% até à actual propriedade maioritária. O regulador está actualmente a rever a informação fornecida pelo fundo e aguarda mais dados na Plataforma de Transparência dos Media.

Estes desenvolvimentos trouxeram alterações significativas na propriedade e gestão da Global Media, gerando discussões e debates, nomeadamente em relação aos seus meios de comunicação, incluindo TSF e Diário de Notícias. À medida que o World Opportunity Fund Ltd assume o controlo, o panorama dos media na região sofre uma transformação notável, preparando o terreno para futuros desenvolvimentos na indústria.

[Transcrição integral. Destaques meus.]

VER 1.ª parte deste “post”