Macau, outra “plataforma” do Brasil?

«Em Abril, Macau recebeu a visita do linguista Malaca Casteleiro, por muitos tido como o ‘pai’ do acordo, que se manifestou confiante relativamente a uma eventual adopção por Macau[postMacau não adopta o AO90?! Malaca Casteleiro amua…”]

Os sinais eram mais do que evidentes e já aqui mesmo, neste modesto apartado de correio, tinham sido assinalados alguns deles, nomeadamente tomando a pista do que se vai passando em Macau — um entreposto para a China e feitoria para Angola. [post ‘Para Angola, rapidamente e em força’]

Palavras e expressões-chave: planos quinquenais, China, Macau, Brasil, Português, língua “unificada“, vistos “gold”, globalização, movimento de capitais, investimento, Banca, especulação, Bolsa, jogo, capitalismo, Império, #AO90. [post “Mundo brasileiro: um plano quinquenal”] [nota: acrescentar “plataforma”]

Apesar da resistência que Macau — em rigor, de parte dos portugueses e macaenses em Macau — vai oferecendo à brasileirização compulsiva das ex-colónias portuguesas em África e na Ásia, a pata do neo-colonialismo já assentou também naquelas remotas paragens. O encadeamento dos episódios corresponde a outras tantas etapas do plano (delineado por portugueses, relembre-se mais uma vez) de dominação político-económica brasileira daquilo que em tempos foi o império português.

São essas três etapas que agora se apresentam por ordem cronológica. O óbvio nexo de causalidade entre elas não dá grande margem para dúvidas: Lula visita a China (14 de Abril), UPM visita o Brasil (19 de Abril), Macau aumenta escolas de “português” (Agosto).

Depois da invenção da CPLB, da imposição da “língua universau” brasileira e da constituição do primeiro Estado brasileiro na Europa, um dos objectivos remanescentes está agora prestes a ser alcançado: Macau, entreposto de negócios entre o Brasil e a China.

BRICS. Os presidentes da primeira e da quarta letras do acrónimo, um ditador e um analfabeto, consolidam ainda mais as suas relações bilaterais. De facto, para o efeito, Macau dá imenso jeito ao analfabeto. E para (mais) essa colossal golpada, o que de melhor se poderia arranjar além da “difusão e expansão” da tau língua univérrssau?

«BBC News – Brasil – Apr 14, 2023»
«A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China foi marcada por uma série de mensagens sobre qual deverá ser a sua agenda internacional em seu terceiro mandato.E entre esses recados, Lula deixou claro que contará com a China para, nas palavras dele, mudar as regras da governança global.
Neste vídeo, Leandro Prazeres, nosso enviado à China, explica cada um desses recados do presidente brasileiro – num momento em que as relações e disputas entre China e EUA só aumentam.»

Portal do Governo da RAE de MacauUma delegação da Universidade Politécnica de Macau visitou diversas instituições do ensino superior do Brasil para promover a “Zona de Cooperação Aprofundada” e a “Zona da Grande Baía” aprofundando a cooperação em inovação e empreendedorismo

Fonte: Universidade Politécnica de Macau (UPM)
Publicado em: 19 de Abril de 2023 às 18:59

Por ocasião da visita do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, à China, uma delegação da Universidade Politécnica de Macau deslocou-se ao Brasil, de 11 a 17 de Abril, para um encontro com a Vice-Presidente da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), e visitas a diversas instituições, entre as quais, a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Instituto Confúcio. Nestas visitas, a delegação da UPM apresentou os projectos de construção da “Zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau” e da “Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”, bem como o papel importante de Macau como Plataforma, com vista a atrair a atenção das instituições do ensino superior do Brasil para projectos na “Zona da Grande Baía” e na “Zona de Cooperação Aprofundada”. Aproveitando a construção das “Duas Zonas”, Macau desempenha um importante papel no aprofundamento da parceria global entre a China e o Brasil, reflectindo a integração de Macau no desenvolvimento nacional a todos os níveis. A UPM, como instituição do ensino superior, que privilegia o ensino multidisciplinar e o conhecimento aplicado, nas áreas da língua e cultura, da cooperação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, da inteligência artificial, da tradução automática, da cidade inteligente, da descoberta de medicamentos, entre outras, tem um amplo espaço de cooperação e complementaridade académica com a comunidade académica do Brasil. A delegação da UPM foi calorosamente recebida pelas instituições do ensino superior do Brasil, reuniu e trocou ideias sobre possíveis parcerias e cooperação académica com as direcções das universidades, os responsáveis dos Departamentos de Cooperação Internacional, diversos especialistas prestigiados nas áreas académicas e profissionais e alguns dos responsáveis de instituições de empreendedorismo e inovação, tendo chegado a vários consensos sobre a possibilidade de futuras cooperações e a realização conjunta de projectos em diversas áreas.

No encontro com a Vice-Presidente da AULP e nas visitas realizadas às universidades de renome do Brasil, a delegação da UPM apresentou as vantagens e oportunidades de cooperação trazidas pela construção e desenvolvimento da “Zona da Grande Baía” e da “Zona de Cooperação Aprofundada”. A construção do Centro de Intercâmbio e Cooperação de Ciência e Tecnologia entre a China e os Países da Língua Portuguesa, em Hengqin, é uma das possibilidades em aberto para a cooperação com as instituições do ensino superior do Brasil, e ao mesmo tempo, as garantias e medidas de facilitação e suporte oferecidas pelo Governo da RAEM aumentam também a confiança e a possibilidade das instituições do ensino superior do Brasil poderem colaborar e participar no desenvolvimento das “Duas Zonas”. Nas áreas da inovação, empreendedorismo e incubação tecnológica, a delegação da UPM visitou a Agência de Inovação da Universidade Estadual de Campinas (INOVA) e o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT), apresentando o plano de desenvolvimento da diversificação adequada da economia de Macau “1 + 4” e a construção do “Centro Internacional de Inovação Científica e Tecnológica em Hengqin”, atraindo a atenção das instituições do ensino superior do Brasil para a possibilidade de introduzir os resultados da investigação científica parar as “Duas Zonas” para a sua incubação e produção.

Durante a visita do Presidente do Brasil à China, os dois países estabeleceram uma “Declaração Conjunta” sobre o aprofundamento da parceria estratégica global. A “Declaração Conjunta” reafirma claramente a vontade de ambas partes de promover a investigação científica, o intercâmbio de instituições do ensino e de estudantes no estrangeiro, o ensino do chinês no Brasil e o ensino do português do Brasil na China, bem como a deslocação dos estudantes chineses ao Brasil em intercâmbio académico. A Vice-Reitora da UPM, Lei Ngan Lin, fez as apresentações às universidades brasileiras sobre a qualidade do ensino e da investigação da UPM, referindo que, ao longo dos anos, os estudantes brasileiros têm vindo a prosseguir os seus estudos na UPM. Para além disso, a UPM tem várias alianças académicas, nomeadamente na organização e participação em eventos conjuntos, e mantém uma cooperação estreita com várias instituições do ensino superior do Brasil. No futuro, para além de desenvolver ainda mais as suas próprias vantagens para promover o ensino das línguas chinesa e portuguesa, a UPM vai cooperar com as instituições do ensino superior do Brasil em diversas áreas académicas, nomeadamente nas áreas do ensino e investigação, inovação científica e incubação de tecnologias, contribuindo para a construção das “Duas Zonas”. O Coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa da UPM, Zhang Yunfeng, o Coordenador do Centro Internacional Português de Formação em Interpretação de Conferência, Joaquim Manuel Costa Ramos de Carvalho, e a Chefe do Gabinete de Relações Públicas, Chan Iok Leng, participaram nesta visita académica ao Brasil.

[Transcrição integral. Destaques meus.]

Governo pretende alargar o ensino da língua portuguesa a 40 escolas locais

O Governo de Macau quer uma maior abrangência do ensino do português em Macau e espera que mais de metade das escolas de ensino básico em Macau ofereçam cursos de língua portuguesa. Ho Iat Seng espera que as crianças aprendam português desde a infância, recordando que Portugal também garantiu apoiar o desenvolvimento do ensino português em Macau. A VI Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau) será realizada no próximo ano, avançou Ho Iat Seng.

O Chefe do Executivo revelou a sua expectativa para reforçar o ensino da língua portuguesa em Macau e quer alargar a disponibilização de cursos para mais de 40 escolas de ensino básico, para que os alunos locais aprendam o básico da língua portuguesa “desde a infância”.

Existem actualmente em Macau 77 escolas de ensino básico, das quais 36 têm aulas com a disciplina de português, segundo Ho Iat Seng, acrescentando que o número representa “um aumento significativo em relação há dez anos” e espera que vá ainda aumentar num futuro breve.

Na sessão plenária da Assembleia Legislativa de sexta-feira, o líder do Governo da RAEM assinalou que a plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa é “uma missão que o País concede a Macau”, mas também “uma vantagem própria” de Macau. Defendeu ainda que a promoção da língua portuguesa é “uma responsabilidade do sector da educação”.

Ho Iat Seng lamentou que a pandemia tenha afectado a vontade dos alunos locais em irem estudar para Portugal, mas garantiu que o número de alunos de Macau em universidades portuguesas já está em recuperação.

“Em anos recentes, devido à pandemia, havia menos estudantes a estudar em Portugal. Mas durante a visita a Portugal [em Abril], vi que muitos alunos estão a frequentar cursos ali. Macau é a região com maior número de pessoas na China a estudar em Portugal, o que prova que o português é ainda muito atraente para as novas gerações”, afirmou.

O Chefe do Executivo mostrou-se optimista no regresso dos jovens após a conclusão dos seus estudos em Portugal, uma vez que os salários em Portugal “não são tão altos” como em Macau. De acordo com dados oficiais, citados pela Agência Lusa, o salário mediano em Macau era de 17 mil patacas (cerca de 1.920 euros) no segundo trimestre deste ano, enquanto em Portugal o salário médio era de 1.355 euros, no primeiro trimestre de 2023.

“Além de estudar o Direito e a Tradução Chinês-Português, muitos alunos universitários de Macau em Portugal estudam ciências e arquitectura, acumulando assim muitos talentos bilíngues e profissionais chinês-português para Macau”, frisou.

Ho Iat Seng, apesar de esperar por mais escolas de ensino não superior a abrir cursos do português, admitiu que “não são obrigadas” as escolas a ensinar português, uma vez que o assunto “exige muitos factores”, incluindo a disponibilidade de docentes. Neste caso, Ho recordou que teve um encontro durante a visita a Portugal com o Presidente da República Portuguesa, “o qual garantiu apoiar o desenvolvimento do ensino português em Macau”.

Além disso, Ho Iat Seng adiantou que a VI Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau) será realizada no próximo ano. “O Governo vai cooperar para corresponder às novas exigências da Conferência, e empenhar-se ao máximo nos trabalhos para que Macau possa desempenhar melhor o papel de plataforma entre a China e os países de língua portuguesa”, afirmou.

O governante apontou que a visita a Portugal em Abril, a primeira visita ao estrangeiro do Executivo, teve como objectivo fortalecer o papel de Macau como uma plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, sendo que “a parte portuguesa também reconheceu e apoiou os trabalhos desenvolvidos por Macau”.

O Fórum Macau foi estabelecido há 20 anos. Ho Iat Seng disse que o mesmo promove um grande número de trocas comerciais bilaterais, tendo o comércio com os países lusófonos atingido o valor de 100 mil milhões de dólares americanos, e o volume de negócios tem aumentado anualmente e expandido várias áreas.

[Transcrição integral. Destaques e “links” meus.]

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